terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Por José Bezerra Lima Irmão
Autor de Lampião – a Raposa das Caatingas

Acabo de ler o delicioso livro “Os Tabaréus do Sítio Saracura, de Antônio Francisco de Jesus. Esse livro, apesar de romancear a infância do autor nas malhadas de mandioca de sua família nas terras de Itabaiana, termina retratando a infância de todo garoto que nasceu e se criou no sertão antes das estradas asfaltadas, antes da energia elétrica, antes do rádio e da televisão. Naquele tempo, não havia trator nem máquinas agrícolas. Nem mesmo o rudimentar arado era conhecido naquelas paragens. Os casais tinham muitos filhos, de preferência “filhos homens”, porque precisavam de braços para a lavoura. As crianças, desde cedo, aos seis ou sete anos, tinham de ajudar os pais na roça.

Tal como o celebrado José Lins do Rego encantou o mundo das letras com o seu Menino de Engenho, a mesma pujança é revelada por Antônio Francisco com “Os Tabaréus do Sítio Saracura, que bem poderia ter por título “Menino de Casa de Farinha” – mas é claro que um título como esse não empolga ninguém, porque casa de farinha é coisa de pobre, nem de longe se compara a um engenho de banguê. Só mesmo na minha cabeça, querer comparar a vida num sítio de mandioca, cebola e inhame de um tabaréu desimportante com a vida nos canaviais dominados pela figura patriarcal de um senhor de engenho!

Mas ninguém se iluda. Antônio Francisco de Jesus, como um ourives da palavra, transforma em jóias preciosas coisas corriqueiras do dia a dia. Conforme ele próprio pondera, “Os Tabaréus do Sítio Saracura é um livro que vem provar que gente comum também merece ter sua história contada. Desde a primeira página, o leitor é seduzido a compartilhar as aventurosas experiências de Tonho, um garoto cujo universo se resume praticamente no sítio onde nasceu e se criou. Seu avô materno era um tabaréu ilustrado – até sabia ler! Tinha uma porção de livros de cordel, com histórias de João Grilo, Pedro Malazarte, Lampião... Aos domingos, filhos, netos e vizinhos sentavam-se ao seu redor, no chão do telheiro, para ouvir o velho Totonho Bernardino lendo um de seus romances. Totonho criava um clima para cada história antes de começar a ler. Por exemplo, se o folheto escolhido era o do pavão misterioso, ficava-se sabendo que a história se passara na Grécia, um lugar que ficava muito longe, bem depois de Itabaiana, nas imediações de São Paulo...

O pai de Tonho, Zé de Pepedo, não perdia tempo com essas bobagens. Para ele, esse povo que lê muito acaba ficando com o miolo mole. Receava que Tonho não tinha futuro, era mais um demente na família: até a irmã mais nova já era melhor que ele no manejo da enxada. – Acorda, Tonho! Mas que menino preguiçoso é este, meu Deus?!

A diversão de Zé de Pepedo era o trabalho, tocando roça, fazendo farinha, tangendo burro, negociando na feira ou no mercado – trabalhava até quando estava doente. Era um homem calado. Não gostava de brincar. Só cantava nas farinhadas:

“Esta noite eu tive um sonho,

Deus me queira perduá:

Roubei Branca de Rufino

Pela porta do quintá...”

Para alfinetar o sogro, ele costumava dizer: – Todo matapoãzeiro ou é besta ou sabido demais.

Desconfio que Antônio Francisco de Jesus seja sabido demais. Pois não é que aquele menino remelento e encatarrado que escapou de uma coqueluche, uma tosse braba que nunca acaba, raspador de mandioca e chamador de boi, depois de bater mundo, terminou sendo analista de sistemas de uma sociedade de economia mista, e, para completar, deu até para fazer poesia!? Como diria o seu avô Totonho Bernardino – ferreiro, rezador e raparigueiro nas horas vagas –, esse cabra se faz de morto pra roubar o coveiro...

* * *

O livroOs Tabaréus do Sítio Saracura faz parte de uma trilogia que se completa com “Meninos Que Queriam Ser Padres e “Tambores da Terra Vermelha.

Fui colega de Antônio Francisco de Jesus no saudoso Seminário de Aracaju. Cheguei depois e saí primeiro. O Reitor era o Padre Carvalho, figura austera, mas sempre correta. Já então Antônio Francisco mostrava pendores para as letras: escrevia para O Clarim, nosso jornal mimeografado, integrava o grêmio literário e coordenava as publicações que saíam num mural denominado “Time and Life”. Quando deixou o Seminário, passou a ser o redator do jornal A Cruzada. Ele procurou me incluir no jornal, cheguei a fazer duas ou três reportagens, mas interrompi minha participação naquele semanário porque fui morar no interior. Antônio Francisco continuou lá. Passou a fazer também um programa diário na Rádio Cultura, lendo crônicas de sua lavra. Estava preparando o terreno para ser o grande escritor que hoje é.

Juntando o que sei de sua vida e da saga de sua família – a família Jesus (os Saracura), do lado paterno, e a família Oliveira (os Ferreiros), do lado materno, faço o presente ensaio, acrescentando dados que apurei enquanto buscava subsídios para o meu “Lampião – a Raposa das Caatingas”, e termino descobrindo, para meu orgulho e honra, que tenho laços de parentesco por afinidade com os Saracura. Laços longínquos, é verdade, mas que merecem ser registrados.

Os fundadores da antiga vila de Santo Antônio e Almas de Itabaiana foram os Mendonça, os Teles, os Tavares, os Peixoto, os Nunes, os Mesquita, os Monteiro, os Barbosa, os Oliveira, os Chagas, os Dória, os Barreto, os Jesus. Quase todos eram cristãos-novos que obtiveram sesmarias no sertão por serviços prestados à Coroa portuguesa nas lutas com os Tupinambás. Essa gente espalhou-se pelas matas de São Paulo Moleque e pelas caatingas de Moita Bonita, Serra do Machado, Saco do Ribeiro, Cruz das Graças, Queimadas, Lagoa da Mata e Maniçoba.

Neste estudo, dou destaque à saga da família Saracura. A história começa com um degredado judeu procedente da Holanda que, para aplacar a fúria da Inquisição, se converteu ao cristianismo, assumindo no batismo um nome que não dava margem a dúvidas quanto à nova fé – Francisco de Jesus, nome de santo. Francisco ia à missa. Se confessava. Comungava. Mas guardava escondido no fundo falso da mala um solidéu esgarçado... Emprestava dinheiro a juros. Quando o devedor não pagava, ele tomava seu gado em pagamento, ou até mesmo suas terras. Foi assim que se apossou do engenho de um padre endividado. Como não tinha vocação para cuidar do engenho, Francisco arrendou-o a seu filho Antônio, que vivia com uma índia chamada Candire, filha do cacique Saracura, da aldeia de Muribeca. O povo passou a chamar o novo dono do engenho de Antônio Saracura. O engenho ficava na Terra Vermelha, acima da vila de Itabaiana, na estrada de Candeias.

Inicialmente, “Saracura” era apenas o apelido dos membros da família Jesus. Eles se uniram aos Barreto, do Saco do Ribeiro, formando a linhagem dos Jesus Barreto, que por sua vez se uniram aos Bezerra Lemos e aos Cearás.

A ligação dos Jesus Barreto com os Bezerra Lemos iniciou-se quando a bela jovem Quintiliana de Jesus Barreto, da Lagoa da Mata, nos arredores do Saco do Ribeiro (atual Ribeirópolis), casou com Manoel Bezerra Lemos, conhecido como seu Duda, da fazenda Queimadas, no pé da Serra do Boqueirão. Duda e Quintiliana foram morar na Barra das Almas, na beira do Rio Sergipe, onde nasceram os primeiros filhos. Depois Duda se mudou para a fazenda Lagoa, perto da Boca da Mata, e em homenagem à esposa ele deu à nova fazenda o nome de Lagoa da Mata (nome da fazenda onde ela nascera, em Ribeirópolis). Duda e Quintiliana tiveram seis filhos: José Bezerra Lemos (Zezé Bezerra, que foi prefeito de Glória), Cícero Bezerra Lemos (foi deputado estadual), Maria da Graça, Maria Izabel (Doninha), Maria Rosa (Rosinha) e Maria Amélia.

Já a ligação dos Jesus Barreto com os Cearás se deu com o casamento de José Ceará com Maria da Graça, sobrinha da referida Maria Quintiliana de Jesus Barreto, unindo assim os Cearás às famílias Jesus Barreto e Bezerra Lemos. Os Cearás traziam no sangue a valentia dos homens da região do Cariri, nascidos que eram nos domínios do Major Zé Inácio do Barro, um dos maiores chefes de jagunços daquela zona. Como se não bastasse, a esposa de José Ceará era tia do cangaceiro Manezinho da Barra das Almas. Por conseguinte, Cícero Bezerra e Zezé Bezerra (que foi prefeito de Nossa Senhora da Glória) eram primos carnais da esposa de José Ceará, e eram primos em segundo grau do cangaceiro Manezinho da Barra das Almas.

Os Cearás eram uma família de retirantes que na seca de 1877 se estabelecera na região do povoado Cruz do Cavalcante (atual Cruz das Graças). Essa família era oriunda de Cuncas, à época município de Milagres, hoje município do Barro, no Ceará. O chefe da família chamava-se Francisco Felipe dos Santos, ficando conhecido em Sergipe como Chico Ceará. Tinha três filhos (“os Cearás”): Antônio Felipe dos Santos, Andrelino Felipe dos Santos e José Felipe dos Santos.

Este último era o famoso José Ceará, que se tornou um grande produtor em Cruz do Cavalcante. Em homenagem à sua esposa Maria da Graça, o povoado Cruz do Cavalcante denomina-se hoje Cruz das Graças. José Ceará e Maria da Graça tiveram os seguintes filhos (conhecidos como “os Cearás”): Perciliano (Percílio, primeiro prefeito de Cruz do Cavalcante, atual Cruz das Graças – a sede do município passou depois a ser Aparecida, antiga Maniçoba), Baltazar (foi várias vezes prefeito de Ribeirópolis e deputado estadual – na época do cangaço, chefiou uma volante, tendo travado quatro tiroteios com o grupo de Zé Sereno), Fenelon, José (Zezé Ceará), Adolfo, Florival, Flora (casada com o coronel João Maria, da Serra Negra), Guiomar, Jovelina, Ana, Dalva e Jaci.

Outro ramo dos Saracura (família Jesus) se estabeleceu na região das Flechas, acima da vila de Itabaiana, espalhando-se dali pelas Candeias, Serra do Machado e Moita Bonita. A referência mais remota desse ramo dos Saracura era um homem conhecido como Chiquinho Saracura. Seu filho Pepedo Saracura casou com Santinha, tia de dona Sinhá, esposa de Euclides Paes Mendonça, o político mais importante da região até hoje.

Pepedo Saracura e dona Santinha tiveram oito filhos: João Saracura, José de Pepedo, Pedro, Ulisses, Francisco (Chico Saracura), Dézi, Zefa e Iaiazinha.

Esse ramo dos Saracura se uniu aos Oliveira com o casamento de José de Pepedo Saracura com dona Florita (Josefa Oliveira de Jesus), bisneta de Chico Ferreiro, da família Oliveira. Os Oliveira eram conhecidos como “Os Ferreiros”, em virtude da profissão da família, que passava de pai para filho, fabricando artefatos de ferro: enxadas, foices, peixeiras, armadores de redes, ferro de rodas de carros de bois.

O tronco dos Oliveira era um português chamado José Antônio Oliveira, que se instalara primeiro na capital da Bahia, onde tinha uma tenda perto do cais do porto, e, tendo fugido com a mulher de um açougueiro, veio para Sergipe, para pedir proteção a um amigo também português chamado Diogo Fosco, que obtivera uma sesmaria na zona de Itabaiana.

José Antônio fixou-se numa aldeia de índios no lugar denominado Matapoã, onde montou sua tenda de ferreiro. Com muito trabalho e a ajuda do amigo Diogo Fosco, José Antônio prosperou, tornando-se dono de roças de mandioca e fazendas de gado.

Um descendente de José Antônio, conhecido como Chico Ferreiro, morava na fazenda Mocó, onde ganhava o pão fabricando enxadas e foices. Seu filho mais velho, Bernardino, tinha uma malhada de mandioca e criava gado numa nesga de terra da fazenda Mocó, herdada do primeiro casamento. Numa seca, aporrinhado com a situação do pequeno criatório e sem ter a quem vender as enxadas e foices que fabricava, Bernardino vendeu a fazenda a Alexandre Fava Pura, que era seu genro, comprou uns burros e tornou-se tropeiro, passando a transportar farinha de mandioca de Matapoã para Maruim e trazendo de volta açúcar, sal e cachaça. Mas Bernardino não largou a antiga profissão de ferreiro. Sempre que ia a Maruim, trazia peças de ferro para transformar em instrumentos agrícolas em sua tenda. Numa dessas viagens, morreu atropelado por um trem, quando tentava puxar um burro novo de primeira viagem que amuara bem em cima dos trilhos.

Um filho de Bernardino, Totonho Bernardino, casou com dona Céu, filha de Nicolau Norato (descendente do citado Diogo Fosco, português) e Maria Capitinga (descendente de um soldado holandês, desgarrado do exército do príncipe Maurício de Nassau).

Da união dos Saracura (família Jesus) com os Oliveira (os Ferreiros), resultou que boa parte das terras acima da vila de Itabaiana pertencia a eles: os Saracura ocupavam a região entre a vila, Serra do Machado, Candeias e Moita Bonita, e os Ferreiros eram donos de sítios que iam desde as Flechas até Matapoã.

Fato curioso: Lampião esteve no sítio Flechas, por ocasião da seca de 1932, uma das maiores secas do século, só comparável com a de 1915. Em sua constante tática de deslocamentos, Lampião saiu da Serra Negra (atual Pedro Alexandre), vagueou pelas caatingas de Carira, Paripiranga e Bom Conselho (Cícero Dantas), e no dia 14 de agosto de 1932 atacou propriedades em Aribicé. De volta a Paripiranga, Lampião encontrou Corisco. Embora estivessem de relações abaladas, seguiram juntos para Sergipe. De certo modo, fizeram as pazes, embora com desconfianças recíprocas. Maria Bonita sequer olhava para Corisco e evitava conversa com Dadá. O bando rumou para Itabaiana. Passou rente à cidade, a menos de meia légua, indo acoitar um pouco acima, nas Flechas, à sombra das moitas de um riacho, no sítio de Totonho Bernardino. Lampião tinha um trato com um coiteiro que morava na Várzea do Gama. Na passagem do Rio Jacaracica,  parou na bodega de João de Ioiô para comprar mantimentos. A mulher do bodegueiro, que tinha fama de abusada, quis mostrar que fazia jus à sua fama e saiu à porta gritando impropérios. Lampião mandou um cabra segurar a malcriada e deu-lhe umas rebengadas com gosto. João de Ioiô implorava: – Perdoe ela, Capitão! A bodega é toda sua! Pode pegá o qui quisé... – Lampião atendeu aos apelos, mas com uma condição: para que a patroa deixasse de ser desaforada, ela mesma teria de preparar comida para os meninos. Mandou matar cinco galinhas e dois capões gordos. Nessa viagem, Lampião esteve pela terceira vez em Alagadiço, município de São Paulo (atual Frei Paulo). Não houve violência. Lampião levou quatro animais de montaria de um marceneiro chamado Mestre Cecílio e dois de sua irmã, Glória, mulher de Aurelino Guimarães, que era o delegado. Mandou um recado para o coronel José Melquíades para lhe enviar 5 contos de réis. Provavelmente pretendesse entrar em São Paulo, desistindo desse intento ao saber da forma como Maurício Ettinger tinha organizado a defesa da cidade. Seguindo em direção ao São Francisco, no dia 15 o bando foi atacado de surpresa pela volante de Manoel Neto na fazenda Cana Brava, a noroeste de Curituba. Terminado o tiroteio, quando os soldados foram inspecionar o local encontraram uma criança no chão.

* * *

Quando menino, no sítio da Terra Vermelha, Antônio Francisco era chamado de Tonho Sanhaço. No Seminário, era simplesmente Antônio. Agora, sessentão, ri feliz quando é chamado de Antônio Saracura, ou simplesmente Saracura. Está desse modo resgatando o passado: Antônio Saracura, casado com uma índia pegada a laço da aldeia de Muribeca, é como era chamado em priscas eras o filho de Francisco de Jesus, patriarca da família Saracura, um degredado judeu que emprestava dinheiro a juros aos tabaréus endividados. E, para evocar ainda mais suas raízes – isto é comovente –, Antônio Francisco deu a uma de suas filhas o nome de Candire, que era o nome da índia tupinambá pegada a laço no mato, filha do cacique Saracura, e a outra filha ele deu o nome de Moara, que era o nome da filha do cacique Tupanã, batizada como Maria Tereza, desposada por Diogo Fosco, capitão português que obteve de Cristóvão de Barros uma sesmaria onde hoje ficam as Flechas, nos arredores de Itabaiana, sendo esse Diogo Fosco um ancestral de dona Céu, avó de Antônio Francisco. Seu filho chama-se Raoni, nome que remete ao líder caiapó que simboliza a luta pela questão ambiental, em especial a luta pela preservação da floresta amazônica (uma luta perdida, pois a floresta amazônica não tem salvação, como o próprio planeta Terra também).

Eis, a seguir, as anotações de que disponho sobre a árvore genealógica dos Saracura e dos Ferreiros e suas ligações com outras famílias da região:

 

Esboço Genealógico das famílias Jesus, Barreto, Oliveira, Bezerra e Ceará


A – Família Jesus (família Saracura)

Tronco: Francisco de Jesus (Chiquinho Saracura), descendente de um judeu homônimo, degredado da Holanda, pai do antigo dono do engenho Saracura, na Terra Vermelha.

Filhos de Chiquinho Saracura:

F.1 –        Pepedo Saracura, c.c. Santinha (tia de dona Sinhá, esposa de Euclides Paes Mendonça, o político mais importante de Itabaiana, até hoje). Filhos:

N.1.1 – José de Pepedo (Zé de Pepedo Saracura), c.c. Florita (Josefa Oliveira de Jesus), da família dos Ferreiros (ver item B - BN.1.16.1)

BN.1.1.1 – José Fernandes (faleceu ainda criança)

BN.1.1.2 – Maria Inês (Marinês), c.c. Lau Tenente

BN.1.1.3 – Antônio Francisco de Jesus (Antônio Saracura), c.c. Josefa Iracilda Pinheiro de Jesus (Cida). Filhos:

TN.1.1.3.1 – Raoni

TN.1.1.3.2 – Moara

TN.1.1.3.3 – Candire

BN.1.1.4 – Lourdinha, c.c. Castelo. Filhos:

TN.1.1.4.1 – João

TN.1.1.4.2 – Marcos

TN.1.1.4.3 – Lucas

TN.1.1.4.4 – Mateus

TN.1.1.4.5 – Vanessa

TN.1.1.4.6 – Sara

BN.1.1.5 – Bernadete de Jesus, c.c. o primo Tonho de dona Dézi. Filhos:

TN.1.1.5.1 – Rejane

TN.1.1.5.2 – Débora

TN.1.1.5.3 – Nara

BN.1.1.6 – Maria do Carmo (falecida)

BN.1.1.7 – José Silva (Silva), c.c. Rita. Filhos:

TN.1.1.7.1 – Cristiane

TN.1.1.7.2 – Adriana

TN.1.1.7.3 – Bruno

BN.1.1.8 – Jaime (Pebinha), c.c. Vera. Filho:

TN.1.2.8.1 – Ânderson

BN.1.1.9 – Oliveira (Liveira), c.c. Léa. Filhos:

TN.1.1.9.1 – Fabinho

TN.1.1.9.2 – Fabiana

TN.1.1.9.3 – Daniela

BN.1.1.10 – José Luiz de Jesus (Pitombinha)

BN.1.1.11 – José, c.c. Sueli e depois com Marta. Filhos:

TN.1.1.11.1 – Monise

TN.1.1.11.2 – Maeva

TN.1.1.11.3 – Felipe

BN.1.1.12 – Antônio Fernandes (Fernandes). Casou duas vezes.

Filha do primeiro casamento, com Rosa:

TN.1.1.12.1 – Carolina

Filha do Segundo casamento, com Rita:

TN.1.1.12.2 – Júlia

BN.1.1.13 – Neuza Maria, c.c. Adler. Filhos:

TN.1.1.13.1 – Ígor

TN.1.1.13.2 – Adler Júnior

N.1.2 –          João Saracura (Joãozinho Garganteiro)

N.1.3 – Pedro

N.1.4 – Ulisses

N.1.5 – Francisco (Chico Saracura)

N.1.6 – Iaiazinha

N.1.7 – Dézi, c.c. José de Matos

N.1.8 – Zefa

F.2 –        Chagas

F.3 –        Mané José

F.4 –        Domingos

F.5 –        Maria das Graças

F.6 –        Iaiá

 

 

 

B – Família Oliveira (os Ferreiros)


Tronco: Chico Ferreiro. Filhos:

 
 
F.1 –        Bernardino. Filhos:

N.1.1 – Francisco

N.1.2 – Libânio

N.1.3 – Agnelo

N.1.4 – Ana

N.1.5 – Zefa

N.1.6 – Sinhazinha

N.1.7 – Neve

N.1.8 – Tereza

N.1.9 – Lozinha

N.1.10 – Firmina

N.1.11 – Felismina

N.1.12 – Servina

N.1.13 – Neném

N.1.14 – Francisca, c.c. seu tio Francisco

N.1.15 – Maria (Lilia), c.c. Alexandre Fava Pura

N.1.16 Antônio (Totonho Bernardino), c.c. Céu, filha de Nicolau Norato (descendente de Diogo Fosco e da índia Maria Tereza – Mohara –, filha do cacique Tupanã) e Maria Capitinga (descendente de um soldado holandês, desgarrado do exército de Maurício de Nassau).

Filhos de Totonho Bernardino e Céu:

BN.1.16.1 – Florita (Josefa Oliveira de Jesus), c.c. Zé de Pepedo Saracura (ver item A - N.1.1)

BN.1.16.2 – Sílvio

BN.1.16.3 – Homero

BN.1.16.4 – José

BN.1.16.5 – Nete, c.c. Moisés de Lourdes

BN.1.16.6 – Marialurdes, c.c. Elpídio

BN.1.16.7 – Natália, c.c. Sílvio Queimado

BN.1.16.8 – Caçulinha

BN.1.16.9 – Bernadete

F.2 –        Zentonho

F.3 –        Benvindo

F.4 –        Francisco, c.c. sua sobrinha Francisca

F.5 –        Nonô

 

 

 

C – Famílias Bezerra Lemos e Jesus Barreto

A ligação dos Bezerra Lemos com a família dos Jesus Barreto remonta aos fins do século XIX, quando Manoel Bezerra Lemos (Duda) casou com Maria Quintiliana de Jesus Barreto, da Lagoa da Mata, nos arredores do Saco do Ribeiro (atual Ribeirópolis). Duda e Quintiliana foram morar na Barra das Almas, na beira do Rio Sergipe, onde nasceram os primeiros filhos. Depois Duda se mudou para a fazenda Lagoa, perto da Boca da Mata, e em homenagem à esposa ele deu à nova fazenda o nome de Lagoa da Mata (nome da fazenda onde ela nascera, em Ribeirópolis).

Os Bezerra chegaram ao sertão de Sergipe em meados do século XIX, fugindo de antigas guerras de famílias no Ceará. Descendem dos Bezerra de Menezes de Juazeiro do Norte (CE). Tinham laços de família com os Lemos, de Penedo e Mata Grande (AL).

Um desses Bezerra Lemos se estabeleceu ao lado da Serra do Boqueirão, perto do Saco do Ribeiro (Ribeirópolis). Tornou-se vaqueiro de um forasteiro rico conhecido simplesmente como Cavalcante. Esse Cavalcante era alagoano. Havia assassinado em Alagoas um senhor de engenho que desonrara sua filha, e fugira para Sergipe. Cavalcante morara em Riachuelo e depois se mudara para o sertão, tornando-se um grande plantador de algodão na zona do Saco do Ribeiro. Os parentes do morto por fim o localizaram e o mataram. No local da morte foi fincada uma cruz de madeira, e o lugar passou a ser chamado Cruz do Cavalcante (atual Cruz das Graças). A viúva de Cavalcante casou-se com o vaqueiro da fazenda e, a fim de apagar vestígios do nome Cavalcante, por temer novas tragédias, registrou seus quatro filhos com o sobrenome do novo marido – Bezerra Lemos. Os filhos são estes:

F.1   Manoel Bezerra Lemos (Duda). Duda casou duas vezes. O primeiro casamento foi com Maria Quintiliana de Jesus Barreto (Maria Quintiliana Lemos), da Lagoa da Mata, município de Ribeirópolis. Filhos:

N.1.1 – José Bezerra Lemos (Zezé Bezerra), c. c. Maria Tavares Lima, filha de João Tavares e Zefa Tavares, da Boca da Mata

N.1.2 – Cícero Bezerra Lemos (foi deputado estadual), c. c. Maria Aliete Lemos, filha de Luiz do Cumbe e Petronila Maia Santos (Iaiá)

N.1.3 – Maria da Graça, c. c. Antônio Francisco de Souza (Totonho de Simplício)

N.1.4 – Maria Izabel (Doninha), c. c. Belizário Teles Góis

N.1.5 – Maria Rosa (Rosinha), c. c. Francisco Soares

N.1.6 – Maria Amélia, c. c. Pedro Moura

F.2    João Bezerra Lemos (Janjão), c. c. Patucha

F.3    André Bezerra Lemos (André da Grota do Boi), c. c. Joaninha. Filhas:

N.3.1  Maria Bezerra, c. c. o cangaceiro Manezinho da Barra das Almas (Manoel Antônio dos Santos)

N.3.2  Iaiá, c. c. Joaquim Mendonça (Joaquim da Grota do Boi)

F.4    Margarida Bezerra Lemos (Sá Margarida), c. c. o primo Pedro Bezerra Lemos (Pedro Pintado). Filha:

N.4.1  Pastora Bezerra Lima (Pastorinha Bezerra), c. c. Manoel dos Santos Lima (Manoel de Pastora). Filho:

BN.4.1.1  José Bezerra Lima Irmão (Zé Bezerra, Zé de Pastora)

 

D – Os Cearás, os Bezerra Lemos e os Jesus Barreto

Na seca de 1877, na região onde hoje fica o povoado Cruz do Cavalcante, estabeleceu-se uma família de retirantes oriunda de Cuncas, à época município de Milagres, hoje município do Barro, no Ceará. O chefe da família chamava-se Francisco Felipe dos Santos, ficando conhecido em Sergipe como Chico Ceará. Tinha três filhos (“os Cearás”): Antônio Felipe dos Santos, Andrelino Felipe dos Santos e José Felipe dos Santos.

Este último, conhecido como José Ceará, casou com Maria da Graça, sobrinha da referida Maria Quintiliana de Jesus Barreto (item C), unindo assim os Cearás às famílias Jesus Barreto e Bezerra Lemos. A esposa de José Ceará era tia do cangaceiro Manezinho da Barra das Almas. Por conseguinte, Cícero Bezerra (irmão de Zezé Bezerra, que foi prefeito de Nossa Senhora da Glória) era primo carnal da esposa de José Ceará, e era primo em segundo grau do cangaceiro Manezinho da Barra das Almas.

José Ceará tornou-se grande produtor em Cruz do Cavalcante. Em homenagem à sua esposa Maria da Graça, o povoado Cruz do Cavalcante denomina-se hoje Cruz das Graças. José Ceará (José Felipe dos Santos) e Maria da Graça tiveram os seguintes filhos (conhecidos como “os Cearás”): Perciliano (Percílio, primeiro prefeito de Cruz do Cavalcante, atual Cruz das Graças – a sede do município passou depois a ser Aparecida, antiga Maniçoba), Baltazar (foi várias vezes prefeito de Ribeirópolis e deputado estadual – na época do cangaço, chefiou uma volante, tendo travado quatro tiroteios com o grupo de Zé Sereno), Fenelon, José (Zezé Ceará), Adolfo, Florival, Flora (casada com o coronel João Maria, da Serra Negra), Guiomar, Jovelina, Ana, Dalva e Jaci.